Nos últimos anos comecei a ouvir de consultores experientes do mercado, formadores de opinião, que não é necessário ter plano de carreira nas empresas, que caiu por terra frente às mudanças do mercado e das demandas dos profissionais, principalmente dos millennials.
As duas premissas são verdadeiras. O mercado tem apontado mudanças significativas na estruturação e organização do trabalho, gerando novos arranjos, diferentes da carteira assinada e da prestação de serviços por profissionais autônomos ou empresas. Também é fato que a chegada dos jovens ao mercado de trabalho trazia a expectativa da busca pelo propósito ao invés do foco no crescimento de carreira e por consequência de remuneração.
Embora novas configurações de trabalho estejam surgindo, uma empresa terá que lidar com a expectativa das pessoas que nela trabalham. Mesmo dentre os millennials o que vemos é a expectativa de desenvolvimento e crescimento na organização, seguida de reconhecimento.
A organização expressa para seus profissionais oportunidades de desenvolvimento e crescimento por meio de um plano de carreira. Ou seja, à medida que existe uma contribuição por parte de um profissional que eleve os resultados e valores da organização, vem um reconhecimento que pode ser de novos desafios, expressos por assumir um papel de maior complexidade na estrutura, o que denominamos avanço na carreira.
O que as empresas fazem ao criar um plano de carreira é definir quais os parâmetros serão considerados ao identificar pessoas que, a partir de resultados de desempenho superiores e competência aplicada, tenham um reconhecimento em termos deste resultado gerado, seja financeiro ou em relação ao papel que exercem, ou ainda das duas formas.
É importante e fundamental que os parâmetros existam, pois toda a organização tem limites em papéis a serem exercidos e remuneração a ser paga. Além disso os parâmetros ajudam a não haver injustiças internas, pois muitas vezes o que diferencia a contribuição das pessoas é mais subjetivo.
O plano de carreira das organizações tem por objetivo apresentar caminhos possíveis de desenvolvimento das pessoas, de acordo com as competências que o negócio demanda e dos limites de estrutura organizacional existente nas empresas.
O Plano de Carreira, quando bem elaborado, proporciona caminhos de desenvolvimento em uma organização, que podem ser técnicos, administrativos, de liderança e outros que podem ser identificados de acordo com o negócio em que a empresa opera.”
Isso não significa que você não tenha que ter o seu plano de carreira, os seus objetivos mapeados a curto, médio e longo prazo. Ou que você não possa conhecer mais profundamente suas competências e potenciais a serem desenvolvidos, independentemente do que a empresa tenha definido na sua estrutura organizacional.
O pensamento abaixo pode ser usado como metáfora para compreendermos melhor sobre as diferenças entre o seu plano de carreira e o da sua empresa
“Se você não sabe onde quer ir qualquer caminho serve”
Lewis Carrol
Observe na matriz abaixo as situações que podem ocorrer quando existe um plano de carreira definido pelas empresas e profissionais:
No quadrante 1, tanto a empresa como seus profissionais não possuem direção a seguir quanto ao papel a ser desempenhado e plano de remuneração a ser dado aos seus profissionais. Nesta situação é muito comum as empresas possuírem um quadro extenso de cargos e problemas trabalhistas, mesmo com um número pequeno de profissionais. As empresas contratam pessoas à medida que precisam expandir sua estrutura, mas não sabem claramente os papéis necessários e pacote de remuneração a ser atribuída, irão identificar à medida que o tempo passa. Tal situação desgasta a relação de trabalho para a empresa e para o profissional, além de prejuízos para a empresa.
Nos quadrantes 2 e 3 temos a mesma situação de lados opostos. No 2, o profissional terceiriza a sua carreira para a empresa, uma vez que não possui objetivos profissionais claros e aproveita esta organização da empresa para evoluir na carreira. Nesta situação é comum que os profissionais gerem uma grande expectativa de se desenvolver de acordo com as métricas definidas pela empresa e se frustram profundamente as definições estipuladas. Esquecem que a empresa pode fazer mudanças em algumas regras e ficam esperando para que a empresa ofereça todo o provimento para seu crescimento. É uma situação cada vez menos comum no mercado que as empresa forneçam todo o recurso necessário para o desenvolvimento dos seus profissionais, pois a responsabilidade de desenvolvimento é das duas partes envolvidas.
Já no quadrante 3 é a empresa que fica profundamente frustrada com o profissional, que acaba por deixar a empresa, de uma hora para outra, por não perceber oportunidades de desenvolvimento. Uma situação muito comum de se ver são empresas reféns de funcionários, pagando salários que nem possuem condições porque não podem perder a competência que foi desenvolvida. É uma responsabilidade da empresa auxiliar seus profissionais mostrando caminhos de desenvolvimento possíveis, até porque já sabemos que uma boa experiência do seu profissional é fundamental para uma boa experiência do seu cliente.
O quadrante 4 expressa a situação ideal para ambas as partes. Quando a empresa e seus profissionais sabem em que direção seguir e objetivos a serem alcançados, é possível que seja pactuado um crescimento consolidado, tanto de profissionais quanto das empresas. Isso não significa que a carreira definida pela empresa é a mesma que o profissional definida para ele. Porém significa que existe possibilidade e espaço para a negociação. Cada uma das partes sabe o que deseja, os potenciais e competências são conhecidos, assim como a capacidade de gerar resultados e consolidar uma relação ganha-ganha. Em qualquer outro quadrante vai haver uma das partes muito vulnerável, com o estabelecimento de uma relação ganha-perde.
Como fazer então quando você estiver no quadrante 4 e os objetivos forem diferentes? Neste caso é fundamental, pensarmos na carreira enquanto objetivo e legado, o que desejamos deixar para que outras pessoas possam usufruir, e o que desejamos obter como retribuição. Não é possível pensar somente em cargo ou posição a ser ocupada. O profissional não pode pensar dentro da caixa quando o assunto é carreira. A oportunidade de desenvolvimento pode surgir com outra roupagem e mesmo assim o objetivo de carreira pode ser atendido.
Por exemplo, você pode ter como objetivo de carreira se tornar sócio (a) de uma empresa. Neste caso existem duas possibilidades, abrir o seu próprio negócio ou fazer carreira em alguma empresa com este objetivo. Os dois caminhos exigirão esforço, determinação e tempo. A partir disso algumas perguntas devem ser respondidas: O que você espera obter de retorno com este objetivo? Algumas possibilidades seriam dinheiro, prestígio, protagonismo, poder, etc. Se a sua resposta fosse protagonismo, em qual dos caminhos você teria o retorno desejado? Em qual deles você teria maior chance de deixar o seu legado? Não será possível obter a resposta certa, mas analisando prós e contras das possibilidades você chegaria em uma opção com maior tendência de satisfazer a sua necessidade.
Você definiu que o melhor seria se tornar sócio de alguma empresa, por exemplo. Mas e se antes de você chegar nesta posição surgisse uma oportunidade de dirigir uma unidade de negócios da empresa onde você atua? O primeiro pensamento que surgiria na sua mente é o de que não é a opção que definiu nos seus objetivos. Mas e se esta opção oportunizasse a você obter todas as respostas em relação ao que espera de retorno do seu objetivo de carreira, não seria um caminho a ser considerado?
Eu não sei qual seria a sua resposta, mas acredito que temos que abrir a nossa mente para considerar as oportunidades que aparecem em relação aquilo que temos definido previamente como carreira. É o que chamei de oportunidade com outra roupagem.
Uma empresa não terá sucesso em seu plano de carreira se você não tiver definido que caminhos deseja percorrer e que competências pode oferecer ou aprimorar para contribuir nesse Plano.
O seu plano de carreira é o horizonte que você deseja percorrer profissionalmente ao longo da sua vida. Isso uma empresa não tem como definir. Contudo ela pode te ajudar a percorrer um caminho que atenda seus objetivos e os dela, promovendo uma relação de ganhos para ambas as partes.
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