O que sabemos sobre salário e motivação? O salário como conhecemos, sob o aspecto financeiro, é apenas um dos fatores de motivação para os profissionais. Trata-se de um aspecto tangível, objetivo e já comprovado por pesquisas que não é o principal. De acordo com Einstein “é o que pode ser contado, mas não conta” para a motivação e engajamento dos profissionais às empresas.
“Nem tudo que pode ser contado conta, e nem tudo que conta pode ser contado”
Einstein
Por outro lado existe uma gama de elementos, em maior parte subjetivos, que transmitem para os profissionais a sensação de reconhecimento, crescimento e pertencimento. O termo mais conhecido para esse efeito é Salário Emocional. Esta é a parte que não podemos contar objetivamente, mas que no final das contas é o que mais motiva e gera engajamento das pessoas em uma empresa.
O Salário Emocional é um conceito que está diretamente ligado aos sentimentos das pessoas em relação ao trabalho que realizam em determinado local. Não tem relação com o emprego, mas com o trabalho que é realizado e o ambiente em que estão inseridas. Em relação ao ambiente destaco as relações que fazem parte do contexto, o reconhecimento por feitos realizados, oportunidades oferecidas, autonomia atribuída, confiança e respeito. Esta lista não esgota por aqui, mas já é possível compreender o aspecto do ambiente com esses exemplos.
Quando uma organização oferece possibilidades de crescimento pessoal, aprendizado contínuo, desenvolvimento e trabalho desafiador, com oportunidade para seus profissionais mostrar que podem trazer uma contribuição diferenciada, o clima se torna muito melhor, assim como o desempenho. Logo, pode-se dizer que o salário emocional está diretamente ligado ao clima e ao desempenho das pessoas.
Cabe salientar que trata-se de uma via de duas mãos, ou seja, a responsabilidade não pende apenas para o lado da organização: quando houver ruptura de algum dos lados uma decisão deve ser tomada. Desta forma, um código de conduta ou manifesto de intenções claro coloca profissionais e empresas nas mesmas condições de ação e responsabilidade.
Como verificar o salário emocional já que, na prática, é algo intangível?
Um dos principais benefícios é o sentido de pertencimento à organização por parte dos seus colaboradores. Ou seja, os colaboradores desejam permanecer naquele local e fazem questão de divulgar isso. Veja abaixo alguns fatores emocionais e motivacionais que fazem com que as pessoas queiram pertencer a uma organização:
- Oportunidades de crescimento
- Desenvolvimento pessoal e profissional
- Ambiente agradável
- Cultura e valores alinhados
- Equilíbrio vida pessoal e profissional
- Fazer parte das decisões
Estes fatores são tão abrangentes, que deveríamos falar em “remuneração emocional”. Eles devem estar amarrados em todos os processos e ferramentas de gestão de pessoas de uma organização. Assim como o salário financeiro por si só não gera motivação ou engajamento, apenas ter um ambiente agradável, com boa decoração e pufes não surtirá efeito. O ambiente precisa estar conter um conjunto de fatores que, interligados, proporcionarão o efeito desejado. Daí teremos um efeito de remuneração emocional que ocorre quando a soma das partes é maior que cada uma delas sozinhas.
Já tive a oportunidade de desenvolver trabalhos em empresas em que uma das competências essenciais era o “senso de dono”. Existia bastante transparência de números, o ambiente era amigável e descontraído. Foram criadas trilhas de desenvolvimento interno com oportunidades de evolução na carreira mas, em contrapartida, os profissionais eram vigiados por câmeras. Neste caso, todo o esforço realizado para que os profissionais se sentissem parte importante da empresa perdem o efeito. Mais que isso, a incoerência entre a competência desejada e a sua prática, por parte da empresa, faz com que todo o trabalho desenvolvido para um sentido de pertencimento para o colaborador caia por terra.
Cabe a nós, profissionais de RH, estarmos atentos à essas questões. Um clima de transparência e confiança traz a condição perfeita para o desempenho e senso de pertencimento, assim como a percepção do potencial e necessidade de cada profissional.
Cada vez mais precisamos entender a particularidade de cada pessoa, aquilo que a torna diferente e traz valor para o ambiente em que está inserida. Portanto não é mais possível implementar programas de capacitação em massa, programas de incentivos gerais para todas as pessoas, ou seja, processos que não considerem as necessidades e demandas de cada um. As ferramentas tecnológicas estão aí para apoiar nesta tarefa.
É necessário um olhar voltado às capacidades e motivações dos indivíduos, do que cada um pode trazer de valor para a organização e o que a organização pode oferecer em contrapartida. Deve haver um cruzamento maior entre as competências necessárias e as que os indivíduos já possuem, porém não estão aplicando por conta de um desenho organizacional que não contempla todas as suas capacidades. Quando isto ocorre a motivação tende a desaparecer, assim como o sentido de pertencimento e a remuneração emocional.
“A remuneração emocional é um fator fundamental para tornar a experiência do colaborador inesquecível”
Como você pratica a remuneração emocional no seu contexto empresarial?
Alessandra Martinewski
Consultora especializada em Gestão de Competências, Análise e Desenvolvimento Comportamental, Estratégias em Recursos Humanos e Coach Emocional.
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